Candidato favorito na eleição para presidente do Senado, em fevereiro, o líder da bancada peemedebista, Eunício Oliveira (CE), não esconde preocupação com a candidatura de José Medeiros (PSD-MT), que pediu a benção ao presidente Michel Temer, na semana passada, em reunião no Palácio do Planalto.
Medeiros só vencerá a eleição por um milagre do destino. Eunício, no entanto, teme um déjà-vu. De fato, o filme parece repetido. Aliados contam que não lhe sai da cabeça a eleição para o governo do Ceará, em outubro de 2014. Na ocasião, ele era franco favorito e liderava todas as pesquisas de intenção de voto.
Fechadas às urnas, veio à luz a surpresa. O deputado estadual Camilo Santana (PT), apoiado pelos irmãos Cid Gomes e Ciro Gomes, venceu a eleição, tornando-se governador do Ceará, terra natal de Eunício. Camilo obteve 53,35% dos votos válidos contra 46,65% de Eunício.
Num movimento apoiado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que deixará o cargo em fevereiro, Medeiros articulou a candidatura com um grupo considerado independe. Alega que a falta de disputa “é prejudicial para a democracia”. E garante: “Tenho manifestação de vários partidos”.
Renan não disfarça que sabota Eunício. Tentou várias candidaturas: de Romero Jucá (PMDB-RR), de Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) e de Simone Tebet (PMDB-MS). Foi repelido por todos. Ciente do favoritismo de Eunício, Renan decidiu concorrer à liderança do partido. Não quer perder influência política.
Ontem, Renan reuniu um grupo de parlamentares na residência oficial do Senado. Não convidou Eunício, quem acusa de trabalhar pela eleição de Raimundo Lira (PMDB-PB) para líder da bancada. Candidato do governo, Eunício construiu uma ampla aliança capaz de garantir uma vitória expressiva, inclusive contra Renan. Trabalha há dois anos, noite e dia, para ser presidente do Senado. O medo é, no mínimo, natural. Tem medo de água fria.
Novos líderes definidos - No retorno das atividades da Câmara, os partidos definem seus novos líderes. Na Casa, são reconhecidas como lideranças as bancadas ou blocos partidários a partir de cinco deputados. O PMDB, que tem 65 parlamentares, reconduziu Balei Rossi (SP). O PT elegeu Carlos Zarattini (PR) e o PSDB escolheu Ricardo Trípoli (SP). O PSD e o PDT já decidiram que Marcos Montes (MG) e Weverton Rocha (MA), respectivamente, serão seus líderes em 2017. Já o PTN elegeu Alexandre Baldy (GO).